Indicação – Maya – bebê arco-íris (Xuxa Meneghel)
Os livros infantojuvenis que abordam relações amorosas entre mulheres já não são propriamente uma novidade na literatura brasileira, basta lembrarmos de “A Princesa e a Costureira” (2015), de Janaína Leslão, e “Minhas duas avós” (2017), de Ana Teixeira. O livro recém-lançado “Maya – bebê arco-íris” (2020), de Xuxa Meneghel, no entanto, parece destinado a furar bolhas no mercado editorial, uma vez que se trata de um livro da “Rainha dos baixinhos”.
Maya é uma anja-bebê que escolhe vir à terra, convencida pelo “Papai do Céu”, para ser filha de duas mulheres lésbicas que são “almas gêmeas”, mulheres que “sofrem discriminação, mas mesmo assim, em nome do amor, ficam juntas”. Maya tem uma dupla missão na terra: espalhar que “Papai do Céu” não só abençoa toda forma de amor, como também ama os animais como se fossem seres humanos.
É inegável que o livro apela para uma imagem romântica e bastante heteronormativa das relações lésbicas, apesar disso, certamente é uma obra importante não só para famílias LGBT+ como as de Maya, mas também para famílias que desejam discutir outras parentalidades com seus filhos. Vejamos um trecho abaixo.
“- Você precisará dizer ao maior número de pessoas que a única linguagem que eu entendo é a linguagem do amor. Você deverá espalhar que eu abençoo toda forma de amor, e que os animais também são meus filhos, minha criação, assim como os seres humanos. - Tá certo, Papai do Céu. Conta comigo! Pode ser mamãe e mamãe? - Marya, você terá duas mães que te amarão tanto, tanto, que você terá que fazer com que o mundo ao seu redor saiba que eu abençoo o amor da sua família, mesmo que digam o contrário. Sua mãe fará músicas para você, e quero que você use essas canções para espalhar minha mensagem. Promete fazer isso, Marya? - Siiiiiiiiim! Prometo do fundo do meu coração! - Então venha cá, Marya. Ai, que ansiedade... A minha hora estava chegando! - Neste momento, tiro suas asas coloridas e mando você para a terra, onde seu coração baterá dentro da barriga de uma mãe. Ao sair desse ventre, os corações de suas duas mães baterão dentro de você. Não se esqueça nunca que, se você estiver feliz, elas também estarão! Vá e seja feliz!” (MENEGHEL, s/p)
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