Como o Talibã interfere na comunidade LGBT do Afeganistão
O Talibã (“estudantes” em pashto, uma das línguas do Afeganistão) é um grupo armado fundamentalista, ou seja, de cunho conservador e que enfatiza a obediência rigorosa, formado por estudantes que defendiam a interpretação rígida do Alcorão, o código religioso, moral e político dos muçulmanos (aqueles que seguem o Islamismo).
Consolidado nos anos 90 e expulso do controle de Cabul em 2001 pelos Estados Unidos após os ataques terroristas de 11 de setembro, o Talibã voltou após 20 anos por conta da decisão do governo norte-americano de retirar suas tropas do Afeganistão. Apesar dos recursos disponíveis, as forças de segurança afegãs mostraram pouca resistência, e tanto o presidente quanto o vice fugiram.
Tanto a população afegã quanto a comunidade mundial demonstra preocupação a respeito do retorno das violações dos direitos humanos no país. O período de controle do Talibã foi marcado por extrema violência e opressão contra mulheres e pessoas LGBT. Mulheres não podiam estudar, trabalhar e nem sair de casa desacompanhadas de um homem e, se acusadas de adultério, seriam apedrejadas. Ser LGBT ainda é crime grave no Afeganistão, com punições que podem incluir pena de morte.
O jornal alemão Bild entrevistou um juiz do Talibã, que quando perguntado sobre as punições, disse que “Para homossexuais, só pode haver duas punições: ou apedrejamento ou ele deve ficar atrás de um muro que cairá sobre ele. A parede deve ter 2,5 a 3 metros de altura”. O Islã é adepto da lei Sharia, uma legislação do Alcorão que, através de interpretações, estabelece que os valores tradicionais devem ser fielmente respeitados.
Em discussões públicas, a homossexualidade é um tabu constantemente associado a indecência, prostiuição e pedofilia. A consciência a respeito de orientação sexual e identidade de gênero é extremamente limitada. Infelizmente, no momento poucas são as rotas de saída abertas e não há lugar seguro para afegãos LGBT.
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