Cartilha sobre Masculinidade(s): Definição e Desdobramentos
Assim como todos os outros temas abordados por aqui nas últimas semanas, a masculinidade segue um padrão de tabu, possuindo uma espécie de regras impostas por uma sociedade marcada por preconceitos. Para desmitificar essas ideias e repensar os conceitos, os alunos Clóvis Lima, Júlio Meira e Victor de Almeida do curso de Ciências Sociais da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) desenvolveram uma cartilha informativa e que oferece a possibilidade de reconsiderar determinados padrões que auxiliam na desigualdade de gênero. Este material, assim como os demais, foi produzido para as disciplinas: Metodologia e Prática do Ensino em Ciências Sociais I, ministrada por José Miranda Oliveira Júnior e Relações Sociais de Gênero, ministrada por Núbia Regina Moreira. E o Lalidis traz uma entrevista detalhada sobre o processo e o conteúdo deste trabalho:
Lalidis: Como foi feita a cartilha? Qual o objetivo?
Clóvis Lima: Subsidiada pela Prof. Dr. Núbia Regina e pelo Me. Jóse Miranda Oliveira Junior, a feitura do trabalho se deu levando em conta a cartilha como instrumento de disseminação de ideias e pensando também numa dinâmica que pudesse ser atrativa para os leitores de modo geral, lembrando que este é um material didático-pedagógico, prontamente flexionado para proporcionar reflexões, incômodos e pensamentos sobre masculinidades. Acredito que conseguimos alcançar esses objetivos.
Lalidis: De onde vocês tiveram a ideia desse tema?
Júlio Queiroz: O tema surgiu como proposta de avaliação da disciplina Relações Sociais de Gênero, ministrada pela professora Núbia Regina Moreira e pelo professor José Miranda Oliveira Júnior.
Lalidis: O que vocês querem que as pessoas entendam?
Clóvis Lima: Bem, atrelado aos objetivos, acredito que a principal mensagem, ou melhor, uma das, é trazer ao leitor a problematização do conceito de masculinidade e paralelamente a isso as suas inferências históricas, tangenciada na existência de uma única masculinidade, que resultam a uma série de violências simbólicas que mata e adoece.
Levando em consideração também algumas indagações da ideia do que é ser masculino, como bem traz a teórica contemporânea do feminismo Judith Butler no seu livro “Problemas de Gênero”, que retrata sobre os questionamentos do que faz um homem, ser homem, e do que faz uma mulher, ser mulher. Tentando dessa maneira, trazer para o público alguns recortes que são necessárias em uma sociedade racista, sexista e classista.
Lalidis: O que contém nela?
Victor de Almeida: Tentamos trazer a ideia da masculinidade como uma construção social, defini-la de modo geral e fazer alguns desdobramentos, como o que seria masculinidade hegemônica, masculinidade tóxica, a homofobia que vem dessa masculinidade padrão idealizado. E no final, abrimos uma discussão sobre outras masculinidades e suas possibilidades, buscando repensar essa performance e modo de ser.
Lalidis: Quais foram os maiores aprendizados conquistados durante o processo de construção da cartilha?
Júlio Queiroz: A construção da cartilha nos proporcionou uma reflexão mais aprofundada sobre o que é ser homem no século XXI, evidenciando que a maneira como nos comportamos é um reflexo das normas sociais que se impõem a nós, determinando maneiras adequadas de se comportar. Dessa maneira, as ideias que giram em torno do masculino são construções sociais que se reafirmam a todo instante na sociedade, perpetuando a estrutura patriarcal que subjuga o feminino em detrimento do masculino. Assim, também ficou claro que é preciso lutar incessantemente contra essa estrutura, rompendo com ideias do senso comum ao compreender o sujeito masculino como um ser que está sujeito aos mais distintos tipos de sentimentos.
Lalidis: Onde acessar?
Victor de Almeida: Fizemos essa atividade em um trabalho conjunto com o Centro Acadêmico de Ciências Sociais. A nossa cartilha e todas as outras que foram produzidas nesse semestre está no nosso Instagram que é o @cacs.uesb, lá na bio tem um link que vai direto pro nosso linktree e lá tem todas as cartilhas.
Não deixe de conferir esse material, disponível aqui, assim como os demais e compartilhe para que mais pessoas entendam a importância de discutir sobre este tema!
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