Vamos falar de não-binariedade?
Apesar de só ter se tornado uma discussão popularizada nos últimos anos e até considerada por alguns como uma invenção da internet, existem relatos de pessoas de gênero não-binário nas civilizações ancestrais em diversos continentes. Caso, você não saiba o que é, vamos te explicar melhor o que é o gênero não-binário, são pessoas que “ sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade”, segundo o LGBT Foundation. “Em vez disso, elas entendem o gênero de forma que ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher”.
Para entender como a não-binariedade faz parte da humanidade há muito tempo, podemos citar os Mahu, na Oceania. Essa civilização havaiana criou seu próprio idioma, sua própria cultura e suas próprias filosofias, além de reconhecer que alguns indivíduos não são apenas masculino (kane, na língua local) ou apenas feminino (wahine). Os Mahu são a identidade de gênero ambígua desse povo.
Da Oceania, podemos ir para a América pré-colombiana e o Império Inca, onde se cultuava uma divindade que incorporava os gêneros masculino e feminino ao mesmo tempo, a Chuqui Chinchay. Os rituais em honra desta divindade eram conduzidos por xamãs que pertenciam a um terceiro gênero chamado “Quariwarmi”. Subindo um pouco no mapa, temos os Two-Spirits (Dois Espíritos), nativos norte-americanos que se identificam com os espíritos masculino e feminino, além de executar trabalhos de ambos os gêneros.
Com base no histórico e a trajetória dessa identidade através dos anos, atualmente o movimento não-binário se organiza politicamente e reinvindica reconhecimento e respeito. Por ser um termo “guarda-chuva” que engloba pessoas que se identificam com o gênero masculino e feminino ao mesmo tempo, ou pessoas que não se identificam com nenhum e até mesmo se trata da fluidez dos gêneros, é normal que seja um pouco confuso no começo para quem não é familiarizado, mas é algo que se aprende e pode fazer parte do dia-a-dia.
Fala-se muito em pronomes neutros, mas nem todos sabem como usar. E é nesse contexto que encontramos a importância dessas palavras. Os termos que se encaixam na classe dos pronomes na linguagem é uma forma fundamental de afirmação de identidade e autoconfiança. Alguns indivíduos não-binários preferem um pronome específico (“ele” ou “ela”), outros preferem o tratamento neutro, como “elu” que substitui os marcadores de gênero (“a” e “e”) por “u”.
Outras palavras também podem passar por essa substituição, como “filhe”, “amigue” e “todes”. Com tanta diversidade de gêneros e preferências de tratamento individuais, não existem regras universais para o pronome neutro. Nesse caso, quando não se souber como se referir a alguém, é só perguntar. Simples assim. O básico continua sendo o básico: respeito.
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